12.2.07

A ciência sem fronteiras de Joseph Needham

A ciência sem fronteiras de Joseph Needham

Por que a ciência moderna não surgiu na China antes da Europa ocidental?

Para responder a esta pergunta, Joseph Needham (1900-1995), bioquímico inglês da Universidade de Cambrigde, se lançou no final da década de 30 do século passado na empreitada de pesquisar a ciência, tecnologia e medicina desenvolvidas no território que atualmente chamamos de China. O resultado desta aventura está em sete
enciclopédicos volumes divididos em várias partes escritos por ele e colaboradores
chamado Science and Civilisation in China.

Joseph Terence Montgomery Needham, filho de médico e de mãe música amadora, nasceu em 1900 em Londres, estudou bioquímica na faculdade Gonville & Caius da Universidade de Cambrigde, local onde galgou todos os postos universitários até se tornar master, o equivalente a professor titular no Brasil. Suas pesquisas na área de bioquímica concentraram-se em dois campos: embriologia e morfogênese.

Ao orientar três estudantes chineses em 1935, Joseph Needham entrou em contato com a cultura chinesa e iniciou o aprendizado de mandarim com Lu Gwei-djen, sua aluna nascida na província de Nanquim. A paixão pela cultura chinesa assim começava.

A eclosão da Segunda Guerra Mundial não o impediu de manter contato com a cultura chinesa. Graças à sua iniciativa, foi firmado um acordo sino-britânico de cooperação científica sediado em Chongqing, cidade situada em península sobre o rio Yang-tsé-Kiang. Neste período, Needham foi incumbido pelo governo britânico de prestar apoio técnico às fábricas e universidades, viajando através da China não ocupada pelo exército japonês.

A vivência com cientistas e engenheiros da China foi de grande valia, pois descobriu que, apesar de praticamente não haver publicações de pesquisas acadêmicas a respeito da civilização chinesa, estes profissionais possuíam coleções pessoais envolvendo livros antigos versando, por exemplo, a respeito de física e medicina.
Neste
primeiro momento, vivendo na China, descobriu que a pólvora, a bússola e a impressão surgiram antes neste país, do que na Europa.

Após o final da Grande Guerra, Needham, a convite de seu colega o biólogo Julian Huxley (1887-1975), primeiro diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), tornou-se o responsável pela Divisão de Ciências Naturais da recém-fundada organização, em função da sua experiência de modernização do meio científico-tecnológico adquirida na China.

Needham, em conjunto com engenheiros e cientistas chineses, promoveu a modernização de laboratórios, aplicou um conjunto de normas e técnicas para experimentos científicos e incentivou a publicação da produção científica chinesa em revistas especializadas internacionais, tornando desta maneira globalmente acessível a produção de ciência e tecnologia da China.

A história de Needham se encontra com a do Brasil, com o projeto de criação do Instituto Internacional da Hiléia Amazônia, que seria um local de estudo das questões amazônicas, vinculado à UNESCO, com o intuito de promover e concentrar os esforços de cientistas com relação a essa importante região do Brasil, da América do Sul e do planeta, no entando o projeto não foi concretizado em função de antagonismos entre a
os
funcionários da UNESCo e autoridades e cientistas brasileiros.

Após experiêcia frente a UNESCO Needham volta à Cambrigde e em 1954 é publicado o primeiro volume da série Science and Civilisation in China,
este volume trata-se da introdução geral ao assunto, foi seguido dois anos depois pela história do pensamento chinês e em 1959 pelo Volume III, que trata de matemática, astronomia, meteorologia e das ciências da terra. No vol. IV, o assunto é a física e é dividido em 3 partes; A primeira parte, trata do que atualmente é chamado de físicapura”, concentrado em três áreas que eram bem desenvolvidos na China: ótica, acústica e magnetismo.

Em ótica muitas pesquisas foram desenvolvidas na China a partir da concentração de raios solares com espelhos côncavos e lentes.

Artesãos experientes tinham a capacidade de produzir os chamados espelhosmágicos” de bronze que reproduziam imagens cunhadas no verso do espelho como nuvens, pássaros ou Buda ao terem um feixe de luz solar incidido sobre sua superfície.

Réplicas dos espelhosmágicos” de bronze foram produzidas atualmente com sucesso e a mágica continua sendo pesquisada em alguns países asiáticos como China e Japão
no
entanto a explicação completa do funcionamento destes espelhos ainda não foi escrita uma das teorias diz que o reflexo pictórico é formado a partir de suaves mudanças na curvatura da superfície do espelho provocando a formação linhas mais claras sobre um fundo mais escuro e portando a formação da imagem sobre uma parede ou qualquer superfície lisa.

Na
seção de acústica aborda os diversos tipos de instrumentos musicais chineses, as medidas de pulso, a unidade temporal musical básica, e as bases matemáticas das escalas musicais utilizadas na China.

Na
área do magnetismo os primeiros relatos da utilização das propriedades atrativas de metais remontam à 2000 anos atrás com objetos como peixes de madeira acoplados a peças peças magnéticas usados como indicação dos desejos dos deuses

A obra de Joseph Needham continua sendo publicada através do Needham Research Institute, centro de pesquisa para o estudo da história da ciência, tecnologia e medicina orientais e para a conservação da biblioteca de Needham produzida ao longo de anos entre o Ocidente e o Oriente.

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